sábado, 4 de maio de 2013

Educação visionária


Sempre é bom lembrar a qualidade dos textos publicados na Revista de História da Biblioteca Nacional, da qual muito me orgulho em ser um leitor assíduo. Logo, não poderia deixar de citar aqui um excelente artigo de autoria de Patrícia Wolley publicado na edição online da revista sobre a atuação dos jesuítas e a sua visão em prol da educação no Brasil.

O texto mostra como os padres inacianos foram responsáveis por uma verdadeira ocupação das mentes no início da era moderna e como enxergaram longe ao darem prioridade as ações pedagógicas.

"Quando se fala sobre os jesuítas, que completam 460 anos no Brasil, logo o espírito aventureiro é posto em discussão. Porém, tão importante quanto a exploração de novas terras, era a vocação natural da Companhia de Jesus para a prática da educação. Se Rousseau e os ministros dos reis perceberam, apenas no século XVIII, a importância da pedagogia como instrumento fundamental na modelagem dos comportamentos, os pragmáticos jesuítas já atentavam para isto desde a criação da Companhia em 1540."

Saiba mais sobre o artigo clicando aqui.

COMENTÁRIO: Para complementar, não poderia deixar de citar aqui referências sobre os jesuítas no bairro de Santa Cruz (RJ), local onde a presença dos Jesuítas foi muito importante. Inclusive na educação religiosa e na música.

Vamos encontrar referências escritas a respeito do nome do bairro na obra rara intitulada "História da Imperial Fazenda de Santa Cruz", de autoria de José de Saldanha da Gama, publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro no tomo 38 da sua Revista, do quarto trimestre de 1860. Saldanha da Gama, que foi um dos superintendentes da fazenda, lembra que os jesuítas colocaram uma grande cruz de madeira, pintada de preto, encaixada em uma base de pedra sustentada por um pilar de granito. Mais tarde, já durante o Império, o cruzeiro seria substituído por outro de dimensões menores. Atualmente existe uma cruz no mesmo local, mas não é o cruzeiro histórico, e sim uma réplica.

O cruzeiro deu nome à Santa Cruz, e em volta dele festejava-se, no mês de maio de cada ano, o "Dia da Sagração da Santa Cruz", com a participação da população local, inclusive dos escravos. A festa possuía o seu lado sagrado e o seu lado profano. Havia missas, bênçãos, ladainhas, reza do terço e procissão. À noite, no grande terreno em frente à igreja dos padres jesuítas, era a vez dos escravos se divertirem. Como não havia luz elétrica naquela época, eles usavam lampiões e centenas de archotes espalhados em toda a área. Ali cantavam e dançavam, comemorando a festa religiosa do dia. Santa Cruz começou a ser povoada em meados do século XVI. As terras faziam parte da antiga sesmaria de Guaratiba, que foi desmembrada em nome de Martim Afonso de Souza, no dia 16 de janeiro de 1567, para contemplar Cristóvão Monteiro, que se considerou merecedor das terras por ter ajudado na fundação da cidade do Rio de Janeiro, combatendo contra índios e franceses.

Cristóvão Monteiro, que mais tarde seria ouvidor-mor da Câmara do Rio de Janeiro, instala-se na região como o primeiro proprietário português das terras que se tornariam a famosa Fazenda de Santa Cruz. Este foi o início do povoamento de Santa Cruz, que começou com Cristóvão Monteiro e foi se consolidando com a efetiva ocupação do território pelos padres jesuítas, que expandiram a área da sesmaria adquirindo terras vizinhas até alcançar dez léguas quadradas. A fazenda ia de Sepetiba até Vassouras, abrangendo também o atual Município de Itaguaí.

Outro livro importante que eu poderia citar aqui é: "Santa Cruz, Fazenda Jesuítica, Real e Imperial, Volume I, Era Jesuítica, 1567-1759", de autoria do historiador Benedicto de Freitas, onde ao citar o Conservatório e a Orquestra e Coral de Escravos, destaca a importãncia dos padres como dedicados professores e notáveis músicos.
 
Texto: Prof Adinalzir
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