domingo, 1 de janeiro de 2017

Curral Falso, das terras de Piracema

Fazenda Santa Cruz,  Debret  - 1816



Com a chegada dos colonizadores portugueses à baía da Guanabara, após o Descobrimento do Brasil, a vasta região da baixada de Santa Cruz e montanhas vizinhas, foi doada ao capitão-mor Cristóvão Monteiro, da Capitania de São Vicente por Martim Afonso de Sousa em janeiro de 1567, como recompensa aos serviços prestados durante a expedição militar que expulsou definitivamente os franceses da Guanabara. Segundo Benedito Freitas, em seu livro Santa Cruz – Fazenda Jesuítica, Real, Imperial, Cristóvão Monteiro ergueu em Santa Cruz, na região conhecida como “Curral Falso” a primeira casa, um engenho de açúcar e a capela de sua fazenda. Havia ali um grande curral com saída oculta que impedia a saída dos bois, que originou o nome. Com a vinda dos jesuítas, colocaram ali uma cancela com um vigia e o “Curral Falso” ficou sendo o limite da residência da fazenda. Era um posto de vigilância onde um oficial do destacamento do Paço Imperial, examinava tudo e todos que por ali passavam, para a obra do novo palácio, onde hoje é o Batalhão-Escola de Engenharia (BEsE). Nessa localidade morou também Antônio Dias Pavão, o Conde de Itaguaí. Outra tradição no “Curral Falso”, era a festa de Nossa Senhora da Glória, que acontece na capela que se transformou em igreja que procede a sua novena e procissão seguida de quermesse até os dias hoje.

O grande e belo portão do “Curral Falso”, construído por Dom João VI nos tempos de seu Reinado não existe mais, as diligências que iam de Santa Cruz até São Cristóvão, o tradicional “beija-mão de Sua Alteza”. não fazem mais o transporte coletivo de pessoas, os principais meios de transportes mudaram, mais Santa Cruz manteve sua história e a entrada do “Curral Falso” está eternizada através do nome dado a Estação do BRT (Bussiness Rapid Transport), estação “Curral Falso”. Outra curiosidade e a volta do velho vigia do destacamento do Paço Imperial, integrante da Guarda Real que hoje é a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). Os tempos são outros, mas o velho guarda continua ali, com o mesmo atento dever de “Servir e Proteger”.

O início dos serviços de transporte coletivo na Corte estão ligados a um fato curioso: a cerimônia do beija-mão, quando da estadia de D. João VI no Brasil. era através da cerimônia, que os súditos de Sua Majestade iam lhe prestar homenagem e mostrar submissão, ou pedir algum favor. Quando o rei se deslocava para a Santa Cruz, a corte o acompanhava, e muitos de seus súditos. Entretanto, os que não dispunham de meios de locomoção, usavam os serviços de coches e seges. Esse esforço, porém, devia compensar a satisfação segundo o próprio Rei, “ter a honra de beijar a minha augusta e real mão”. 

Atendendo os anseios dos comerciantes e moradores, foi inaugurada pela PMERJ, em janeiro de 2011 a primeira cabine blindada da região, que fica localizada na Av Cesário de Mello, que é um ponto de interseção entre os bairros, pois ali se inicia a Estrada de Sepetiba, Estrada da Pedra e a Rua Felipe Cardoso que é a antiga entrada do bairro de Santa Cruz, e início do Caminho Imperial (também chamado Caminho dos Jesuítas, Caminho das Minas, Estrada Real de Santa Cruz e Estrada Imperial de Santa Cruz), via que após a independência do Brasil (1822), passou a ligar o Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista à Fazenda Imperial de Santa Cruz, sendo usualmente percorrido pelo imperador e pela sua família. Atualmente onde todo o fluxo de automóveis passa, tanto para quem circula entre os bairros, quanto para quem vem da Barra da Tijuca com destino a Região da Costa Verde. O policiamento desde então funciona de forma permanente trazendo mais segurança para a localidade.
Então podemos afirmar que o povoamento pelos portugueses das “Terras de Piracema”, como os indígenas da época, nomeavam Santa Cruz, começou ali no “Curral Falso”.



Postagem anterior
Próximo post

Post escrito por:

Junte-se a nós