sexta-feira, 2 de junho de 2017

Nova divisão da Zona Oeste é alvo de críticas

Vereador Marcelino D´Almeida, autor da lei que divide a Zona Oeste explica que o projeto teve como base as diferenças socioeconômicas preexistentes nessa área da cidade
Vereador Marcelino D'Almeida fala sobre o projeto de lei que divide a ZO em Norte e Sul; Leste e Oeste/ Divulgação
A lei que delimita Zona Oeste em áreas Norte e Sul deverá ser discutida, novamente, na Câmara Municipal do Rio, pois no mês de dezembro não houve parlamentares suficiente na sessão para discussão do projeto.

Quando aprovada em primeira instância, no dia 02 de agosto do ano passado, a proposta estava incompleta, por isso, entendia-se que lugares como Barra da Tijuca e Jacarepaguá deixariam de fazer parte da Zona Oeste do Rio.

Em segundo momento, a Câmara optou pela delimitação Oeste-Sul e Oeste-Norte. A parte Sul engloba Barra, Recreio e Jacarepaguá e a Norte abrange bairros como Campo Grande, Bangu e Realengo.

O vereador Marcelino D´Almeida (PP), autor do projeto, explica que a proposta foi criada com o intuito de tornar mais justa a administração da verba destinada a Zona Oeste da cidade, uma vez que, essa área abrange bairros completamente diferentes uns dos outros, em termos de socioeconomia.

A Zona Oeste ocupa mais da metade do Município do Rio. Tem a área que chamamos de AP4 que abrange Barra até Jacarepaguá e entorno e a AP5, que envolve, basicamente, a área imensa de Deodoro até Santa Cruz.

— O que notamos é que os bairros que compõem a AP5 precisam de maiores investimentos, por sua situação econômica e, até mesmo, pela sua maior extensão. E foi, justamente, por isso que criamos esse projeto de lei. Não quero dividir a Zona Oeste, apenas delimitar essas duas áreas para que haja melhor fiscalização da verba direcionada a esta parte do município  explica o vereador.

As últimas explicações de Marcelino D´Almeida sobre o tema apresentam contradição em relação ao texto inicial de sua proposta. Na justificativa oficial da lei, apresentada a Câmara Municipal, o vereador afirma ser uma “confusão” dizer que Barra da Tijuca e Jacarepaguá fazem parte da Zona Oeste.

Esta proposição tem por finalidade resgatar os bairros que compõem a abrangência da Subprefeitura da Zona Oeste, como os únicos que delimitam verdadeiramente essa região da Cidade, para que não mais se faça a confusão de dizer que os bairros da Barra da Tijuca e Jacarepaguá também pertencem a região da zona oeste.

Em contrapartida 
Vereador Paulo Pinheiro (PSOL) colocou seu ponto de vista em relação ao projeto/ Divulgação
— Isso é um absurdo completo. Alguns vereadores daquela área querem dividir ainda mais a cidade. Na cabeça das pessoas já há uma divisão da zona oeste pobre e da zona oeste rica. Isso oficializaria essa ideia. Para que serve isso, para criar mais subprefeituras e cargos comissionados — diz o vereador Paulo Pinheiro (Psol).

O professor de geografia Luiz Mendez, que trabalhou na Fundação Unificada Campograndence (FEUC), mostrou-se contrário a divisão. Para ele a subdivisão que delimita a Zona Oeste por áreas de planejamento, a AP4 e a AP5 são suficiente para que a verba direcionada a estes locais tenham investimentos corretos.

Ouvimos também um universitário, o formando em geografia Eduardo Pereira ressaltou:

 — O conceito de divisão está na cabeça dessas pessoas que enxergam um Rio polarizado onde o pobre e o rico precisam estar separados. Esse pensamento só agrava mais ainda a desigualdade social.

Segundo dados do Instituto Rio, a Zona Oeste possui o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município. Porém, a Barra da Tijuca apresenta desenvolvimento muito elevado em relação aos demais bairros da mesma Zona, com o valor de 0,959, um número superior ao do bairro de Copacabana (Zona Sul), que tem IDH 0,956.

(O IDH é um índice que mede a qualidade de vida oferecida à população).

Reportagem: Maylaine/Daniel

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