quinta-feira, 20 de junho de 2013

Perícia não encontra projéteis em corpos de mortos na Favela do Rola

O corpo de Ewerton Luiz da Cruz Neves foi exumado nesta quarta-feira no cemitério de Santa Cruz  
O corpo de Ewerton Luiz da Cruz Neves foi exumado no cemitério de Santa Cruz


Peritos do IML não encontraram projéteis nos corpos de Ewerton Luiz da Cruz Neves e Douglas Vinicius da Silva na perícia de exumação, feita nesta quinta-feira à tarde. Assim, não será possível fazer o confronto balístico com as armas usadas pelos agentes que participaram da operação policial na Favela do Rola, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio.

Os cadáveres de Ewerton, que estava no cemitério de Santa Cruz, e de Douglas, sepultado no cemitério de Irajá, foram levados nesta quarta-feira ao IML e devem ser enterrados novamente nesta sexta.

O pedido da exumação, feito pela Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) com parecer favorável do Ministério Público, se baseou no laudo de necrópsia assinado pela perita Áurea Torres.

Segundo ela, havia ferimentos apenas com orifícios de entrada nos dois corpos. E só não foi possível encontrar projéteis nos cadáveres porque o aparelho de raios X não estava funcionando.

O EXTRA divulgou as imagens da operação em 11 de maio, mostrando agentes removendo corpos do local do crime. Dois dias após a divulgação do vídeo, a Coinpol começou a investigar o caso. A ação, feita em 16 de agosto do ano passado pela Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e pelo Serviço Aeropolicial (SAer), deixou cinco mortos.

‘Foram executados’, diz perito

O EXTRA, que teve acesso ao laudo de necrópsia nos cadáveres, consultou três especialistas. Para o perito legista aposentado Levi Inimá de Miranda, os laudos foram “superficiais, cheios de falhas e omissões”. Mas mostram que os tiros que mataram Ewerton e Douglas foram dados por atiradores de uma das aeronaves do Serviço Aeropolicial (SAer). Segundo ele, o tiro no peito de Ewerton atravessou o seu corpo e saiu pela perna direita:

- Eles receberam tiros de cima para baixo. Então, foram executados. A descrição do laudo está incompleta.

Já o perito criminal Mauro Ricart fez outro tipo de análise. Ele acredita que os projéteis podem ter se perdido no momento da exumação.

- Não basta tirar o cadáver. É preciso peneirar os resíduos que ficam no caixão, porque o objeto é pequeno. Não sei se esses cuidados foram tomados - diz ele.

O médico legista Talvane de Moraes lamentou o resultado da perícia de exumação. Segundo ele, isso irá atrapalhar a investigação do caso:

- Isso dificulta o raciocínio. Se encontrassem um projétil, poderia ser feita a análise balística.

Talvane criticou a perícia no local, feita no dia seguinte ao da operação policial:

- A preservação do local é fundamental para esclarecer o crime

Fonte: Jornal Extra

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