quarta-feira, 7 de março de 2012

Hospital Pedro II reabre em março reformado e ampliado

A fachada do Hospital Pedro II
O incêndio que destruiu uma parte do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, em outubro de 2010, deixou os moradores da região sem qualquer tipo de atendimento de emergência e provocou a migração de doentes para outras unidades da Zona Oeste, que ficaram sobrecarregadas. Agora, um ano e cinco meses depois do fechamento do hospital, a situação vai se normalizar: o Pedro II reabrirá, totalmente reformado, ainda na primeira quinzena deste mês. A nova administração — ele agora é municipal, não mais estadual — não é a única novidade: o número de leitos foi ampliado, passando de 340 para 400. Duas enfermarias foram destinadas aos idosos, e o centro de queimados foi remodelado.
— Vai ser o primeiro hospital de referência da prefeitura na Zona Oeste mais popular, que só conta com unidades do estado, como o Albert Schweitzer, em Realengo, e o Rocha Faria, em Campo Grande. Com isso, o município passa a ter grandes emergências nas principais áreas da cidade: o Miguel Couto, na Zona Sul; o Souza Aguiar, no Centro; o Lourenço Jorge, na Barra, e o Salgado Filho, na Zona Norte — diz o secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann.
As 27 vagas da UTI antiga darão lugar a 67

Uma das principais mudanças, segundo Dohmann, é a ampliação da capacidade do hospital. Ele ressalta que foram privilegiados os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que são uma carência na rede. As 27 vagas do hospital antigo darão lugar a 67. Outro local que teve melhoras é o centro de queimados. Como o maior problema de quem sofre queimaduras graves é a infecção, a sala de banhos, onde as feridas são lavadas, terá um controle da água mais rigoroso, com mais filtragem do que o normal. Uma UTI foi acoplada ao setor para diminuir também a chance de infecções.
Um estudo do vereador Paulo Pinheiro (PSOL), que comparou os indicadores de saúde entre os anos de 2000 e 2010, mostrou que a Zona Oeste é uma das áreas onde mais aumentou a população de idosos. O crescimento foi de 165%, contra 22% na Zona Sul. Para não deixar os mais velhos desassistidos, o Pedro II terá duas enfermarias destinadas a eles.
— As enfermarias vão ter acessibilidade, barras de apoio para os idosos, piso antiderrapante. É claro que também poderão ser ocupadas por mais jovens, mas a intenção é internar os mais velhos nelas — diz o secretário de Saúde.
Segundo Paulo Pinheiro, um dos desafios do Pedro II é ter uma equipe completa de neurocirurgiões:
— Na Zona Oeste, quando um hospital tem neuro às terças-feiras, já não tem na quinta-feira. Aí, levam os pacientes de helicóptero para Saracuruna, que tem uma equipe completa.
A obra de remodelação — foram trocadas todas as instalações elétricas e hidráulicas — custou cerca de R$ 100 milhões e durou dez meses. Segundo o presidente da Rio-Urbe, Armando Queiroga, o hospital foi praticamente destruído internamente durante a reforma. Embora não seja um prédio verde, o Pedro II terá um pé na sustentabilidade: 48 placas de aquecimento solar foram instaladas no teto, para que a água quente produzida abasteça as torneiras e a central de esterilização.
— Com isso, calculamos uma economia de 30% no consumo de energia no quesito aquecimento de água — diz Queiroga, que destaca ainda que as enfermarias, CTIs e demais áreas serão climatizadas. — Como não havia ar-condicionado, as janelas ficavam sempre abertas para ventilar.
O Hospital Pedro II será administrado por uma organização social (OS), a Biotech, que receberá R$ 250 milhões da prefeitura para, durante dois anos, gerir a unidade, comprando todos os insumos, contratando e pagando funcionários etc. A escolha provocou polêmica. Duas das concorrentes (a Marca e a SPDM) recorreram de decisões da comissão criada pela Secretaria municipal de Saúde para escolher a OS. Elas questionaram as boas notas atribuídas à Biotech, que fora qualificada pela prefeitura dois meses antes e, segundo as concorrentes, nunca teria atuado na direção de unidades de saúde.
— A Biotech citou a experiência do responsável técnico, Valter Pelegrine Junior, na gestão de hospitais. Ele é da GPM Saúde, que administra o hospital de Acari. Fizemos uma CPI na Câmara e mostramos que, no primeiro ano de administração da GPM em Acari, R$ 25 milhões foram pagos pela prefeitura por serviços não realizados. O MP aceitou nossa denúncia e hoje há uma ação popular contra a direção do hospital para que devolva o dinheiro — diz Paulo Pinheiro.
Segundo Dohmann, a escolha da Biotech foi baseada na experiência dos seus diretores:
— É outra pessoa jurídica, mas a experiência é a do grupo que já administra Acari.
Região tem índices de saúde ruins
O bairro de Santa Cruz, com 370 mil habitantes, faz parte da Zona Oeste, uma das regiões com os piores indicadores de saúde da cidade. A maior parte dos moradores (70%) depende do sistema público de saúde e, como o atendimento básico é falho, muitas doenças crônicas, que poderiam ser evitadas ou controladas com idas frequentes ao médico, têm índices mais altos na área.
As doenças cardiovasculares, que são as que mais matam no estado, ocorrem mais na Zona Oeste. De 2000 a 2010, a mortalidade por essas doenças cresceu 28% na região, segundo o vereador Paulo Pinheiro, e teve queda de 22% na Zona Sul. Os casos de câncer também matam mais na Zona Oeste: no mesmo período, houve um aumento de 73% de óbitos por neoplasia na região, enquanto na Tijuca a queda foi de 4%.
Os serviços da unidade
O Hospital Pedro II reformado contará com os serviços de emergência adulta e pediátrica, Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) adulta e neonatal, neurocirurgia, anestesiologia, pediatria, clínica médica, urologia, cirurgias buco-maxilo-facial, geral e pediátrica, ortopedia, Centro de Tratamento de Queimados, exames especializados de laboratório e imagem (incluindo tomografia computadorizada de alta resolução), setor de tratamento de doenças infecto-parasitárias, ginecologia, obstetrícia, oftalmologia, tratamento de saúde mental e doenças sexualmente transmissíveis e Aids. O investimento em equipamentos é de R$ 34 milhões.
Fonte: O Globo
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Um comentário:

  1. cadê a inauguração em março, já estamos em abril e nada

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