A pizzaiola Márcia Andrade Fernandes, de 48 anos, armou um verdadeiro
teatro dentro da casa dela, em Santa Cruz. Foi numa noite de janeiro,
quando a vizinhança chegou a tempo de assistir às cenas que aconteciam
na sala, bem diante do olhar surpreso da família. É que, sentados no
sofá, eles apreciavam o “Café com Machado”, um projeto de teatro a
domicílio. Na ocasião, dona Márcia abriu a porta para receber a
Companhia do Invisível, composta por sete integrantes, além de
familiares e vizinhos. Na sala, eles assistiram à peça “O caso da Vara”.
- Nós privilegiamos as periferias, onde as pessoas têm mais dificuldade
de ir ao teatro - explica Alexandre Damascena, que fez a adaptação do
texto de Machado de Assis.
Segundo ele, o projeto, criado em 2009, ganhou um incentivo a mais, ou seja, o patrocínio do Ministério da Cultura.
- Recebemos R$ 12 mil para fazer uma temporada de dois meses na casa de
pessoas que, muitas vezes, nunca foram ao teatro - diz Alexandre.
Interessados,
de qualquer bairro, podem entrar em contato pelo Facebook, procurando
pela Companhia do Invisível, ou pelo telefone 8140-5452, do produtor do
projeto Alexandre Damascena.
Bagunça marcada
A
visita à casa de dona Márcia ocorreu dias antes do espetáculo, quando o
grupo avaliou quais seriam as modificações cênicas necessárias para a
montagem da peça.
No grande dia, os atores chegaram às 16h. Logo
em seguida, tiraram o aquário da estante da sala, mudando a posição da
TV no móvel. O objetivo era instalar nele o som — que é operado durante a
peça. A $removeu até mesmo os dois sofás da casa para “instalar”
cadeiras no lugar deles.
- Fizemos muita bagunça? - perguntou Alexandre Damascena. Na hora, dona Márcia respondeu:
- Claro que não. Só esqueceram um par de sapatos - diverte-se ela,
referindo-se ao quarto do filho, Thiago, que até foi usado como camarim
pelos atores.
Para deixar um gostinho de bis
A
apresentação do grupo dentro da casa das pessoas deixa um gostinho
marcante. É que, junto com a cultura, os integrantes também entregam de
bandeja para o público uma garrafa de café, com acompanhamentos como
bolos, pãezinhos, sucos, entre outras iguarias para saborear ao final da
peça.
As lembranças da encenação, para dona Márcia, são inesquecíveis.
- Um dos convidados ficou boquiaberto com o que viu. E eu, no final, abracei a atriz emocionada - lembra.
Segundo
Damascena, o projeto é divulgado no Fa$e, além disso, o boca a boca
ajuda. Dona Márcia, por exemplo, já conhecia o grupo e ficou sabendo do
projeto via internet. Com a apresentação na casa dela, outras pessoas se
interessaram. E por aí vai.
Enquanto os atores mostram a sua arte
na sala, o ilustrador Marcos Ferreira mostra a dele. Ele faz uma
ilustração sobre a peça e entrega de presente ao dono da casa, junto com
um livro doado pelo grupo de teatro. No elenco, Alex Nanin, faz o
padrinho; Tony Félix (Damião); Dejanine Braga (Sinhá Rita) e Jones
Martins (Lucrécio).
Fonte: O Extra
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