sábado, 4 de maio de 2013

Moradora de Santa Cruz deu à luz a casal de gêmeos com tom de pele diferente. Caso parecido aconteceu em Campo Grande

A gari Priscila Vieira, de 40 anos, com o filho mais velho, Oswaldo, de 19 anos, e com os gêmeos João e Maria, de sete meses


A gari Priscila Vieira, de 40 anos, com o filho mais velho, Oswaldo, de 19 anos, e com os gêmeos João e Maria, de sete meses 
No almoço do Dia das Mães da gari Priscila de Oliveira Vieira, de 40 anos, haverá um lugar especial à mesa para "goiabada com queijo", "feijão com arroz" ou até "café com leite". Esse é o "cardápio" de nomes recebidos na rua pelo casal de gêmeos João e Maria de Oliveira de Siqueira Barbosa, de sete meses. Eles que encheram a barriga da moradora de Santa Cruz durante a gestação, a alimentam de orgulho também após a gestação, já que a menina é negra e o menino, branco.
— Os dois nasceram da mesma cor. Mas, com o tempo, Maria foi amorenando. Até que virou esse meu "chocolate". Não parece um bombonzinho? — chamega Priscila, feliz com a diferença.
Segundo a mãe, João continuou bem mais claro que Maria, apesar de ter pego sol por recomendação médica.
— Até que ele ganhou uma corzinha — constata Priscila, de cor parda, assim como Henderson Barbosa, de 32 anos, o marido, pai das crianças.


Os irmãos gêmeos João e Maria vivem em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio
Os irmãos gêmeos João e Maria vivem em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio

Assédio e curiosidade nas ruas
Os gêmeos João e Maria já não podem nem andar na rua direito. A curiosidade é tanta que os pais precisam parar a toda hora.
— Todo mundo me para no shopping perguntando: são gêmeos mesmo? Qual o nome deles? Foi parto normal? — conta a mãe, que tem duas irmãs gêmeas, mas da mesma cor.
Mas Priscila acha tudo isso divertido.
— Quem tem intimidade comigo brinca: cores diferentes? Explica essa história direito. Mas, até hoje, não sofri preconceito.
A avó Maria Lúcia de Oliveira, de 64 anos, olha para os netos e lembra do assédio que também viveu com as duas filhas gêmeas, hoje enfermeiras.
— Elas também eram o chamego. Até hoje o pai as confunde. Acho que não é o caso dos meus netos — se diverte a avó.


Priscila Vieira com os filhos e o marido Henderson Barbosa, pai das crianças
Priscila Vieira com os filhos e o marido Henderson Barbosa, pai das crianças 
Chances são de um a cada cem nascimentos
Já não é a primeira vez que a cegonha entrega bebês gêmeos e de cores diferentes na Zona Oeste do Rio. A revista contou, em agosto de 2012, a história dos irmãos Nícolas Evangelista de Oliveira Silva, um negro, que é irmão gêmeo de Davi, loiro e branco. Aos 10 anos, eles vivem em Campo Grande.
Para João Ricardo Auler, especialista em reprodução específica da Clínica Pró Nascer, na Barra da Tijuca, há controvérsias, já que "no Brasil há uma confusão entre mulato escuro e negro", ele explica.
— O mulato escuro, se casar com um branco, pode ter um filho branco, do tipo alemão, ou um filho mulato. Mas o branco, casando com o negro, vai ter filho mulato porque o gene do negro é sempre o gene que define a cor — diz o especialista.


Em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, os gêmeos Davi e Nícolas de Oliveira Silva também nasceram com a cor da pele diferente um do outro, surpreendendo o pai Luiz Carlos de Oliveira Silva
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