A ThyssenKrupp, maior produtora de
aço da Alemanha, pode vender suas usinas no Rio de Janeiro e no Alabama,
avaliadas em 7 bilhões de euros (9 bilhões de dólares), em decorrência
de estouro de orçamentos de implantação e atrasos das unidades.
O
presidente-executivo da companhia, Heinrich Hiesinger, informou na
terça-feira que o Conselho de Administração decidiu examinar todas as
opções estratégicas para as duas usinas, incluindo parceria ou venda.
O projeto de construção da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA)
foi anunciado em 2005 como um dos maiores empreendimentos do gênero, no
mundo, e a maior tacada já dada pela alemã ThyssenKrupp que ao fim do ano
fiscal encerrado em 31 de março, viram a persa de € 518 milhões. A medidas estudadas são uma tentativa dos alemães de
acabar com a sangria representada por esses dois investimentos.
A ThyssenKrupp não pretende vender seus negócios de aço na Europa, disse o executivo.
A ThyssenKrupp pretende oferecer a usina brasileira, a
Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), para parceira Vale, que hoje detém 27% do capital da empresa e a possíveis compradores na Ásia.
SEM INTERESSE
A
Vale afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que ainda não foi
comunicada oficialmente do assunto e que, portanto, não tem nada a
declarar por enquanto sobre o assunto.
Mas a mineradora já
descartou, em outras ocasiões, a possibilidade de aumentar sua fatia na
siderúrgica. Em entrevista à Reuters em março, o diretor-executivo de
Finanças da companhia, Tito Martins, foi claro: "Se eles vierem para nós
com essa possibilidade, nós não temos intenção de adquirir uma
participação adicional na planta".
A Vale está justamente revendo
sua estratégia, vendendo ativos pequenos ou que não fazem parte da sua
atividade principal de mineração para concentrar esforços em grandes
projetos de maior interesse da companhia, como por exemplo a expansão de
Carajás, no Pará.
A empresa anunciou na semana passada
desinvestimentos em ativos de caulim e também estuda vender
participações em empreendimentos de petróleo e gás.
VENDA SEPARADA
O
grupo de siderurgia alemão Thyssenkrupp afirmou que espera vender as
unidades no Brasil e Estados Unidos separadamente, em vez de negociar
tudo em um pacote, disse o presidente executivo.
"Não será
interessante para um comprador comprá-la como um negócio integrado para
produzir placas no Brasil e vender nos Estados Unidos", disse ele.
O
movimento de venda vem após uma série de desinvestimentos. Entre outros
negócios, a empresa está vendendo sua unidade de aço inoxidável
Outokumpu, Finlândia, por 2,7 bilhões de euros.
"Isso fará com que
ThyssenKrupp mais atraente do ponto de vista dos acionistas, mas se ele
realmente cria valor para a empresa depende do preço", afirma o
analista Ingo Schachel, do Commerzbank.
PROBLEMAS AMBIENTAIS
A
ThyssenKrupp registrou prejuízo bilionário no ano passado por conta dos
altos custos da fábrica no Brasil, operada por sua unidade Steel
Americas, e pelo fortalecimento da moeda brasileira e aos fracos
mercados de aço nos Estados Unidos e na Europa.
"Os custos de
produção no Brasil estão crescendo desproporcionalmente devido ao
aumento dos custos de trabalho, efeitos da inflação e, em particular a
valorização da moeda brasileira", disse a ThyssenKrupp, acrescentando um
aumento acentuado nos preços do minério de ferro e demanda lenta também
foram afetados.
Apesar da avaliação das opções, as usinas no
Brasil e Estados Unidos continuarão a elevar produção, acrescentou o
executivo da Thyssen.
Em setembro passado, o vice-presidente
financeiro da CSA, Rodrigo Tostes, afirmou que a empresa alcançaria pico
de produção em meados deste ano.
A usina no Rio de Janeiro, que
tem capacidade para 5 milhões de toneladas de placas por ano, começou a
operar em setembro de 2010, após investimento de 5 bilhões de euros e
cinco anos de construção.
A CSA - projetada em 2005, quando o
mercado de aço mundial não atravessava uma crise de sobreoferta e forte
alta nos custos de insumos como carvão e minério de ferro - sofreu uma
série de problemas ambientais que atrasaram seu cronograma.
As
usinas da ThyssenKrupp no Brasil e no Alabama são interligadas, com a
CSA produzindo placas de aço para serem acabadas nos EUA.
A Vale,
estimulada pelo governo, decidiu atrair grupos siderúrgicos para o
Brasil. O governo brasileiro avalia que a construção de siderúrgicas é
positiva para agregar valor ao minério de ferro que o país produz.
Fonte: Veja e Istó é Dinheiro
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