Mesmo
se a chuva no Rio parasse agora, seriam necessários cinco dias
ininterruptos de sol e vento, nas melhores condições climáticas
possíveis, para que o lamaçal formado no Campus Fidei, em Guaratiba, na
zona oeste da cidade, secasse e ganhasse condições de receber fiéis.
A
estimativa é de Francisco Martins, professor do Departamento de
Geociências da Universidade Federal Rural do Rio (UFRRJ). Segundo o
especialista, a região de Guaratiba tem origem em um manguezal que se
estendia por dezenas de quilômetros nos fundos da Baía de Sepetiba, que
banha a zona oeste do Rio e outros municípios da região metropolitana.
Entre 20 mil e 10 mil anos atrás, essa área de baixada era ocupada
pelo mar. A redução natural do nível do mar, acelerada, no século 20,
pelos aglomerados urbanos que ocuparam as áreas de aterro, tornou a
área seca, mas sujeita a enchentes.
Martins
explica que o solo argiloso, com lençóis freáticos muito próximos da
superfície, dificulta o escoamento da água da chuva. "O solo daquela
região é uma mistura de camada fina de areia com muita argila. Se a
argila fica impregnada de água, torna-se impermeável e não absorve a
chuva", disse.
Embora
julho seja um mês menos chuvoso no Rio, a escolha de Guaratiba para o
Campus Fidei pode ter sido arriscada, na visão do professor. Isso
porque, para preparar adequadamente o solo a fim de receber os
peregrinos, seria necessário gastar até R$ 100 milhões. Seria preciso
cobrir o solo com pelo menos 40 centímetros de brita ou instalar
pranchões de metal. "Sem essa preparação, era previsível que haveria
problemas com a chuva", afirmou.
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