A chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, determinou neste sábado
que a Corregedoria Interna da corporação (Coinpol) assuma a
investigação iniciada pela 36ª DP (Santa Cruz) sobre possíveis
irregularidades na ação da Coordenadoria de Operações e Recursos
Especiais (Core) na Favela do Rola, onde cinco pessoas foram mortas, em
agosto de 2012. A decisão se baseia num vídeo divulgado pelo jornal “Extra” mostrando agentes forjando um auto de resistência (morte
em confronto), arrastando feridos pelas ruas e mudando de lugar o corpo
de um homem. Os mortos foram levados para o Hospital Rocha Faria,
também em Santa Cruz, duas horas e 17 minutos após a operação, percurso
que poderia ser feito em 20 minutos de carro.
Em nota divulgada
neste sábado, Martha Rocha também determinou a instauração de
sindicância disciplinar na Coinpol para verificar, “entre outras coisas,
se houve pleno cumprimento da portaria que estabelece as diretrizes
básicas a serem observadas pelas autoridades policiais na apreciação de
fatos apresentados como ‘auto de resistência’”. Segundo a nota, a
Corregedoria decidirá se há necessidade de afastamento dos envolvidos de
suas funções durante a apuração.
Briga motiva vazamento
O
diretor-executivo da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque,
cobrou uma investigação rigorosa sobre o caso. Ele se disse chocado com a
frieza dos policiais e afirmou ter “vergonha cívica” de ver a conduta
dos agentes.
Nas imagens, policiais sobrevoam a comunidade e
monitoram um bar, onde haveria venda de drogas. Dois homens aparecem
carregando fuzis. Moradores, incluindo crianças e mulheres, passam pelo
lugar. Minutos depois, já com as ruas desertas, os agentes abrem fogo
contra o que seria o refúgio dos traficantes. Não é possível ver se há
bandidos disparando contra o helicóptero.
Disputa de poder
O
governo estadual acredita que o vazamento dos vídeos com imagens dessa
operação e também de ações na Favela da Coreia, em Senador Camará (onde
foi morto o traficante Márcio Sabino, o Matemático), foi motivado por
uma disputa de poder entre dois pilotos do Serviço Aeropolicial (Saer)
da Polícia Civil: Adonis Lopes de Oliveira, que chefiava o Saer, e
Ronaldo Ney Barboza Mendes.
Segundo policiais civis, o problema
começou em junho do ano passado. Adonis queria demitir Ney por abandono
de serviço. Mas o pedido não foi acatado pela instituição, que deu
férias ao piloto.
Ao retornar, houve um novo desentendimento. Numa
operação na Vila Vintém, em Padre Miguel, Adonis teria advertido o
piloto, pedindo mais movimentação ao helicóptero para não virar alvo.
Ney, então, começou a cantar e brincar com a tripulação. Como a ação foi
filmada, ele foi desligado do Saer e passou a responder a sindicância
na Corregedoria.
— Após sua saída, o piloto disse a colegas que
iria enviar à Corregedoria vídeos da ação na favela do Rola e na Coreia.
Mas todos achavam que era um blefe — disse um policial que não se
identificou.
Fonte: Jornal Extra
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