Em Guaratiba, unidade de tratamento de água inaugurada há dois anos
despeja esgoto na areia e no mar
Com praias poluídas e lixo por todo lado, Guaratiba e Sepetiba precisam resgatar a beleza perdida para pôr em prática a lei municipal promulgada no início deste mês
No passado, estes bairros fizeram parte de um paraíso bucólico, onde a paisagem campestre disputava beleza
com praias de água límpida. Hoje, diante da explosão demográfica, o tal
paraíso deu lugar a um cenário degradado e poluído. Daqui para frente,
Guaratiba e Sepetiba, na Zona Oeste, têm a missão de resgatar a beleza
perdida para pôr em prática a lei municipal promulgada no início deste
mês, que as caracteriza como ‘bairros turísticos’.
O esforço de garantia do título vai além da recuperação da cultura,
lazer e gastronomia. Com o “rótulo”, a prefeitura precisa se empenhar
para trazer melhoria das condições de limpeza urbana, conservação de
pontos históricos e investimentos no transporte e hospedagem.
“Vai ser tudo que os bairros precisam. Não dá para receber turista
numa praia em que a água é poluída, não há saneamento básico e o lixo
fica espalhado para todos os lados”, critica a ex-presidente da
Associação dos Moradores de Guaratiba, Helena de Soares.
A tese de Helena é comprovada na prática. Na Praia de Barra de
Guaratiba, equipe do DIA flagrou, na última terça-feira, a unidade de
tratamento d’água— inaugurada há dois anos pela prefeitura— despejando
esgoto na areia e no mar. O sistema, consentido pelo prefeito, piora
quando chove. “As águas vão para o ponto mais baixo, que é a praia, e
quando tem muita chuva, há formação de línguas negras na areia”, explica
Eduardo Paes.
Em Sepetiba, a imagem é ainda pior. Obra do Inea— concluída em dezembro
do ano passado— para aterrar a lama e implantar rede de esgoto já
apresenta falhas. “Quando a maré enche, o esgoto transborda e as ruas
ficam podres com a lama”, reclama a moradora Nerelina de Azevedo. O
problema ainda vai além e atinge o foco da economia do bairro: o
pescado. “Com o esgoto, centenas de peixes morrem na beira da praia”,
alerta Nerelina.
Prefeitura fará levantamento das áreas, favorecidas pela Transoeste
Na entrada da trilha para o Paredão da Ponta Grossa, em Pedra de
Guaratiba, a placa municipal fincada na terra, com dizeres de
‘preservação ambiental’, está pichada. Na curta caminhada para esta
praia, lixo e água suja se acumulam em poças. Mas, no fim do trajeto,
uma surpresa: a imensidão do mar dividida pela centenária parede
rochosa, que serve de trampolim para as crianças.
“Ainda tem um pouco de natureza em Guaratiba”, suspira o pescador
Flávio Limeira enquanto coleta mariscos da pedra, seu ganha-pão.
É com essa ‘natureza’ que o subsecretário municipal de turismo, Pedro Guimarães, pretende fisgar os turistas.“Guaratiba
e Sepetiba têm opções para todos os gostos. É preciso mais investimento
sim e, por isso, vamos fazer um levantamento da área para divulgar a
região”, conta Pedro, que já tem até um chamariz para os turistas: o
corredor de ônibus BRT Transoeste,que passa pelos bairros: “A mobilidade
vai facilitar ainda mais as visitas”.
Antiga capela precisa de restauração
Restaurado em fevereiro do ano passado, o coreto da Praça Washigton
Luiz, em Sepetiba, ainda chama a atenção de visitantes. O local era
palco de serestas e serviu de cenário para grandes novelas globais, como
‘O Bem Amado’ e ‘Carga Pesada’, na década de 70.
Em Pedra de Guaratiba, o passeio cultural é conhecer a terceira igreja
mais antiga da cidade, a Nossa Senhora do Desterro, em frente à praia.
Mas, diferente do coreto, a capela não recebe restauração há décadas. Os
azulejos externos foram furtados e deram lugar a pichações.
Fonte: O Dia
0 comentários:
Sua opinião sobre o assunto e seus comentários são importantes para o aperfeiçoamento de nosso trabalho e a perfeita visão do que acontece em nossa Zona Oeste.