A pé, elas não ficam mais. E, se ficassem, não conseguiriam chegar
tão perto da imagem de São Jorge como fazem na cavalgada em homenagem ao
Santo Guerreiro. O encontro religioso, que acontece em Cosmos, reúne
cada vez mais mulheres montadas. São as guardiãs da fé. E também dos
maridos.
— Um toma conta do outro na cavalgada. Quero saber se
está tudo bem com meu marido, se ele está cavalgando na rua. E o nosso
grupo já virou uma família — conta a empresária Priscila Pereira, de 34
anos.
Ela está entre os 400 participantes da montaria da "16 Festa
de São Jorge", sendo que 10% deles são mulheres. Na cavalgada,
promovida pelo grupo Cavaleiros Unidos de Cosmos, elas já sobressaem.
—
Cavalgada era só coisa de homem. Acho que é porque São Jorge é um
guerreiro. Eles se identificam mais com isso. Mas as mulheres também têm
vez. E fé — diz Bárbara Pimentel, presidente do grupo.
Sela cor de rosa e perfume no cavalo
As
mulheres começaram a participar das cavalgadas há apenas cinco anos,
segundo Bárbara Pimentel, presidente do Grupo Cavaleiros de Cosmos. E
conquistaram até os cavalos com o seu charme.
Brio, o mangalarga
castrado da empresária Priscila Pereira de Souza, nem relincha quando a
dona coloca sobre ele uma sela cor de rosa. Combina com a sua cor,
definida como Pampa de Preto.
— Borrifo perfume para ele chegar
cheiroso. E passo até glíter na crina e no pêlo. É para dar um charme,
para mostrar que as mulheres estão presentes — explica Priscila.
A
cavalgada de São Jorge acontece no dia 23 de abril, que é dedicado ao
Santo Guerreiro. A concentração será às 10h, em frente ao Regimento de
Polícia Montada (RPMont), na Avenida dos Estados s/n, em Campo Grande.
A imagem desfila em carro aberto pela Avenida Cesário de Melo até o Rancho Fênix, onde será a festa.
Cela cor de rosa e até glíter embelezam os cavalos das mulheres
Calma e delicadeza definem as amazonas
Com
as roupas de Jorge, não. As amazonas do Santo Guerreiro chegam à
montaria, em sua homenagem, vestindo mesmo calças jeans coladas ao
corpo, além de cintos com fivelas mulherzinha e chapéus que eles jamais
usariam.
— Os homens não ficam zangados. Eu mesma vou com o meu
marido. Visto a camisa com a imagem de São Jorge, boto os meus brincos, o
meu batom neutro e já estou pronta — conta a dona de casa Estela Doris,
de 51 anos.
Ela monta a cavalo há 16 anos e já pôde observar a diferença entre as mulheres e os homens.
—
Somos mais delicadas e mais calmas. Acho que as mulheres sabem lidar
mais com o cavalo. E também nos sentimos guardiãs de São Jorge — palpita
Estela, devota do santo guerreiro há 25 anos.
A gratidão a São
Jorge começou quando ela teve uma graça alcançada pela intercessão do
santo. Na época, o marido, criador de cavalos, precisava vender um
potro. Mas não encontrava comprador que pagasse o seu preço. Estela foi à
igreja, no dia de São Jorge, e fez o pedido.
— Fiz minhas orações
e, na hora da eucaristia, pedi que, pela intercessão de São Jorge,
Jesus enviasse um bom comprador, que cuidasse bem do potro. No mesmo dia
bateram no meu portão. Vendemos o animal — conta Estela.
Rosa Pimentel, vice-presidente do grupo Cavaleiros Unidos de Cosmos, também agradece.
— Minha tia amansou boi rezando a São Jorge.
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