segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Unidade da Embrapa em Guaratiba promove o aproveitamento de rejeitos industriais

Maquina Extrusora Embrapa 
O bagaço da cevada pode se tornar um produto de 
baixo custo, saboroso e com alto teor de fibras

De salgadinhos do tipo snacks a sopas instantâneas, até bebidas nutritivas à base de cereais, o aproveitamento de resíduos industriais pode contribuir para a produção de alimentos de qualidade e, ainda por cima, mais baratos; é o que afirma Carlos Wanderlei Piler de Carvalho, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, coordenador do projeto que utiliza bagaço de cana de açúcar, de cevada, cascas de maracujá e arroz quebrado para desenvolver alimentos nutritivos e saborosos.

Os produtos fabricados são simples de produzir e de baixo custo. "-Além de oferecer um destino para rejeitos produzidos nas indústrias sucroalcooleira, de sucos e de cerveja, representa também vantagem econômica para quem produz e para o consumidor, além de ser benéfico para o meio ambiente", explica Carlos Piler, que é Jovem Cientista do Nosso Estado da FAPERJ.
A técnica utilizada para a produção desses alimentos já é conhecida. Apesar do nome pouco sonoro, a extrusão termoplástica é um processo de tratamento térmico, que por uma combinação de calor, umidade e trabalho mecânico, modifica profundamente as matérias primas, dando-lhes novas formas, estruturas e características funcionais e nutricionais.
Os ingredientes são colocados na máquina extrusora com farinha de arroz e preparados separadamente: bagaço da cana de açúcar, da cevada ou a casca de maracujá. Submetidos a altas temperaturas, que podem superar os 120º Celsius na hora do cozimento, o produto, submetido à pressão e cisalhamento, é moldado em formato do snack ou do cereal matinal desejado, que a criançada adora.
"-Para obter diversos efeitos no produto final, podemos alternar a força mecânica e temperatura, e adicionar outros ingredientes. Para que um biscoito fique mais aerado e crocante, por exemplo, incluímos mais farinha de arroz. Esta mistura também é necessária para que os produtos tenham mais sabor, além de melhor textura", diz o pesquisador. Ele acrescenta que a unidade da Embrapa, em Guaratiba, na Zona Oeste, conta com três extrusoras, uma delas considerada uma das mais modernas da América Latina.
O biscoito tipo snack é um dos preferidos das crianças
e pode ser produzido com farinha de arroz e casca de maracujá
Biscoitos snaks 
Segundo Carlos Piler, o produto mais difícil de ser processado, por ser o mais fibroso, foi o bagaço da cana. "- Ele contém cerca de 30% de lignina, a mesma fibra presente na casca das árvores. Em compensação, seu alto teor de celulose, parte de fibra insolúvel, traz benefícios para o consumidor, ajudando a regular o intestino. Além disso, possui sabor adocicado."
Com a farinha do bagaço da cana, é possível desenvolver pães, biscoitos e sopas. Da mesma forma, o bagaço da cevada, também rico em fibras, pode ser empregado para produzir os mesmos produtos. Já a farinha obtida a partir da casca do maracujá, por meio de extrusão, foi usada para criar bebidas cremosas e biscoitos. Há também um grupo de doutorandos, orientados pelo pesquisador, estudando a formulação de uma bebida nutritiva à base de cereais, entre eles o arroz.
As técnicas desenvolvidas pela Embrapa para a produção de snacks já foram apresentadas em cursos a empresas no estado do Rio. "-Fico muito satisfeito quando vejo que o principal objetivo do meu projeto está sendo atingido: a valorização e utilização de produtos locais e ascensão da indústria nacional, em particular, a fluminense", finaliza Carlos Piler.

Fonte:FAPERJ
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