Polícia e Bombeiros vistoriam fábrica que explodiu
Agentes
da Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos (DFAE), da Polícia
Civil, o Exército e o Corpo de Bombeiros passaram todo o dia de ontem
na fábrica de fogos de artifício Imperador, que explodiu na tarde de
anteontem matando duas pessoas e ferindo quatro. A fábrica, situada na
Rua São Carlos, no bairro Ueda, foi parcialmente destruída. O barulho
foi tão intenso que assustou moradores, e muitos chegaram a passar mal.
O
Exército mandou para o local a seção que controla os produtos
explosivos, que junto com os peritos da Polícia Civil e dos Bombeiros,
trabalhou na avaliação do risco de possíveis explosões. Muito material,
como morteiros, ficou intacto, como constatou o Tenente-Coronel Ernani
Mota, comandante do Grupamento dos Bombeiros de Angra dos Reis. Segundo
testemunhas, a fábrica funcionava há muitos anos no local e de acordo
com os Bombeiros tinha licença para operar normalmente.
Passavam
das 16 horas, quando a vizinhança escutou um estrondo intenso e logo
em seguida fogo e fumaça. Na hora trabalhavam cerca de sete pessoas, a
maior parte mulheres. A violência foi tamanha que o dono da fábrica,
Marcos José Ferreira, o “Marquinhos”, muito conhecido em Itaguaí e
região, teve partes do corpo dilaceradas e morreu na hora. Junto com
ele estava Sueli Cândida Pereira, de 38 anos, que teve o corpo
totalmente queimado e morreu antes da chegada da ambulância. Outra
funcionária, Ana Maria Souza, de 44 anos, teve 95% do corpo queimados e
está em estado gravíssimo no Centro de Tratamento de Queimados do
Hospital Souza Aguiar, no Rio.
Mais
duas funcionárias, identificadas como sendo Débora Aparecida Azevedo,
33 anos, e Ana Lúcia de Oliveira Monte Pereira, 38, estão internadas
com queimaduras de segundo grau no Hospital Miguel Couto, na Gávea.
Outro funcionário chegou a ser medicado no local tendo apenas ferimentos
leves, e foi liberado.
O
atendimento aos feridos chegou a fechar a Rio-Santos por quase uma
hora, quando dois helicópteros do Corpo de Bombeiros iniciaram o
procedimento de resgate das vítimas, levando-as diretamente para os
hospitais Souza Aguiar e Miguel Couto, porque o hospital de Itaguaí, o
São Francisco Xavier, não estaria preparado para recebê-los devido a
gravidade dos ferimentos.
Drama do vidraceiro
Alexsandro
Cândido Pereira, irmão de Sueli e marido de Ana Lúcia, não esquecerá
as cenas que testemunhou quando entrou na fábrica, tão logo aconteceu o
acidente. “Cheguei logo depois da explosão. Apaguei o fogo no corpo da
minha mulher com a minha camisa e fiquei com a minha irmã. Pelo estado
em que estavam não poderia colocar em um carro. Minha irmã morreu em
minhas mãos”, contou emocionado.
Celso
Cântido Pereira, 48 anos, irmão de Sueli, diz que trabalhava na
fábrica há seis anos e contou que o seu patrão era cuidadoso na
segurança, sempre alertando os funcionários para terem atenção no
trabalho. “ O meu patrõazinho sempre estava perto olhando, e agora eu o
vejo morto junto com a minha irmã”, lamentou, acrescentando que Sueli
era mãe de três filhos pequenos.
O
morador Ronaldo Rosa da Fonseca, 28 anos, contou que estava em casa
vendo televisão que ouviu a explosão cujo impacto balançou tudo na sua
casa. O mesmo aconteceu com Cleonice Silva, 46 anos, que chegou a pensar
que a casa iria desabar. “Eu estava com os meus filhos. Graças à Deus
foi só um susto”, observou.
Ademir
Soares dos Santos, 53 anos, tentou socorrer as vítimas da explosão em
sua caminhonete. “Eu coloquei algumas delas na carroceria e quando ia
descendo a rua nos encontramos com os Bombeiros que vinham chegando.
Foi Deus que me deu forças para ir ao local da explosão”, contou.
Outra explosão
Sebastião
Duque, de 40 anos, que mora a 400 metros da fábrica de fogos, disse
que esta não seria a primeira explosão. Na primeira vez, o estouro
quebrou os vidros da janela de sua casa. No entanto, Sebastião fez
questão de frisar que Marcos José Ferreira sempre foi correto e pagou
os prejuízos causados em sua residência. “Ele era um homem muito certo
com tudo”, destacou.
Fotos e reportagem: Carlos Roberto
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