O
deputado estadual Paulo Ramos (PDT), vice-presidente da comissão
especial da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, que acompanha os
desdobramentos da implantação da Companhia Siderúrgica do Atlântico
(CSA), em Santa Cruz, zona oeste do Rio, disse hoje (14) que vai propor o
fechamento provisório da usina até que todas as informações, baseadas
em laudos técnicos, sobre os impactos causados à população do entorno
sejam apresentadas de forma clara à sociedade.
Hoje,
os deputados da comissão promoveram mais uma audiência pública para
discutir o assunto. Segundo o deputado, a entrada em operação da
siderúrgica, mesmo com a licença provisória emitida pelo Instituto
Estadual do Ambiente (Inea), traz prejuízos de dimensões incalculáveis à
saúde da comunidade de Santa Cruz.
“A
população não pode ser feita de cobaia. Da mesma forma como o órgão
ambiental concedeu o licenciamento provisório, podemos propor o
fechamento provisório, até que haja clareza das informações desses
impactos”, afirmou.
A
presidente da comissão, deputada Lucinha (PSDB), informou que a
proposta de fechamento provisória da usina poderá ser votada pela
comissão no próximo encontro, previsto para a semana que vem, quando a
presidente do Inea, Marilene Ramos, será convidada para prestar
esclarecimentos aos parlamentares. A deputada acrescentou que, até
agora, o Inea não respondeu nenhuma das solicitações por informações que
foram encaminhadas pela comissão sobre os impactos da instalação da
siderúrgica.
Os
deputados também vão solicitar à Superintendência Regional do Trabalho
no Rio que faça uma visita às dependências da CSA para verificar as
condições de trabalho dos empregados. Segundo os parlamentares, os
profissionais podem estar expostos a um ambiente ainda mais tóxico no
interior da companhia.
Na
audiência, o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp),
ligada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Alexandre Pessoa, lembrou que
um laudo produzido por profissionais da instituição, e apresentado na
primeira audiência pública sobre o assunto, no fim de maio, apontou que o
funcionamento da empresa tem provocado agravamento de problemas
respiratórios, oftalmológicos e doenças de pele, além de transtornos
psicológicos nos moradores da região.
No
ano passado, houve emissão irregular de fuligem em duas ocasiões por
causa de problemas no sistema operacional da siderúrgica. Pelos
episódios, a CSA foi multada em R$ 1,2 milhão, em agosto, e em R$ 2,4
milhões, em dezembro do ano passado, e foi obrigada a investir R$ 14
milhões em obras de saúde e infraestrutura na região. A empresa também
terá que construir um Centro de Tratamento de Diabetes e Hipertensão e
uma Clínica da Família no bairro.
A
companhia foi denunciada duas vezes à Justiça pelo Ministério Público
do Estado do Rio por crimes ambientais e é acusada, ainda, de não
comunicar aos órgãos competentes os impactos ambientais gerados desde as
emissões, incorrendo em seis crimes previstos na Lei 9.605/1998, que
trata de crimes contra o meio ambiente. A lei prevê prisão e multa a
serem definidas pela Justiça Estadual.
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