Espaço tem ferrovia particular e mão de obra especializada em construir marias-fumaças. Locomotiva percorre a ferrovia de 3,8 quilômetros da Fazenda Mato Alto: a
propriedade recebeu o primeiro veículo desse tipo em 1982. A máquina,
fabricada nos EUA, foi reformada e circula até hoje.
O ano é 1982 e a máquina está encostada num canto da Companhia
Açucareira Usina Barcelos, em Campos. Com 22 toneladas, o veículo foi
fabricado na Pensilvânia, nos Estados Unidos. Trata-se de um exemplar da
Baldwin Locomotive Works, empresa de excelência na fabricação de trens a
vapor no início do século XX. Ao ver a relíquia inutilizada, o
empresário Márcio Manela decide negociar com o dono da usina. Para sua
surpresa, a resposta positiva vem rápida: “Pesa essa máquina para o moço
como se fosse apenas ferro”. Com peças de cobre, a locomotiva é
arrematada a preço de sucata.
Trinta
anos depois, a “número 3”, menina dos olhos de Márcio, roda na ferrovia
particular do empresário, em Guaratiba. Ele é um dos acionistas da
Fazenda Mato Alto, a mesma que ficará abarrotada de fiéis durante a
missa campal do Papa Bento XVI, em julho do ano que vem, quando
acontecerá a Jornada Mundial da Juventude.
— Trouxemos a
maria-fumaça para Guaratiba e aos poucos fomos montando os trilhos,
comprando um pedacinho aqui, outro acolá. Depois de sair dos EUA, a
locomotiva foi levada para a Usina Taí, em Campos, antes de ir para a
Usina Barcelos. Eu sou apenas o terceiro dono. E último — gaba-se
Márcio.
Além de abrigar a ferrovia particular de 3,8 quilômetros de extensão, a Fazenda Mato Alto é uma oficina de locomotivas. Os trabalhos são feitos pelo trio Isael Somer, Pedro Mariano da Silva e Alayson Rodrigues, funcionários que também ajudam a cuidar das 700 cabeças de gado — que de fato garantem o sustento da propriedade às margens da Avenida das Américas. No fim dos anos 90, eles reformaram uma locomotiva a pedido de um empresário de Paraíba do Sul. Quatro anos depois, outra máquina azeitada pelo trio foi levada para Viana, Espírito Santo.
— Elas ficam aqui até alguém resolver comprar — comenta Isael, nascido há 62 anos em Pádua, olhando para a “número 89”, novinha em folha, estacionada. — Compramos as chapas lisas e fazemos todo o serviço aqui. Eu fui soldador naval, então aprendi muito do ofício. Só a caldeira, que exige uma mão de obra mais especializada, nós mandamos para uma empresa de Campo Grande fazer.
As marias-fumaças percorrem a fazenda à velocidade máxima de 30km/h. O cenário é tão inusitado que já serviu de pano de fundo de telenovelas como “Sinhá Moça”, “Cabocla” e “Araguaia”. Márcio Manela é evasivo ao falar sobre o valor de mercado das suas “filhas”.
— É mais ou menos o preço de um carrão de luxo, mas tudo é negociável — diz, sem jeito. — Só queremos ter margem de lucro para comprar a próxima sucata e restaurar. É puro hobby. Uns gostam de cavalo... eu gosto de trem.
E o Papa, poderá dar uma voltinha de trem? Márcio trata de pôr panos frios em qualquer pretensão:
— Nesse dia, não vou poder liberar. A fazenda vai estar lotada. Elas vão ficar guardadas na casinha.
Fonte: O Globo
Além de abrigar a ferrovia particular de 3,8 quilômetros de extensão, a Fazenda Mato Alto é uma oficina de locomotivas. Os trabalhos são feitos pelo trio Isael Somer, Pedro Mariano da Silva e Alayson Rodrigues, funcionários que também ajudam a cuidar das 700 cabeças de gado — que de fato garantem o sustento da propriedade às margens da Avenida das Américas. No fim dos anos 90, eles reformaram uma locomotiva a pedido de um empresário de Paraíba do Sul. Quatro anos depois, outra máquina azeitada pelo trio foi levada para Viana, Espírito Santo.
— Elas ficam aqui até alguém resolver comprar — comenta Isael, nascido há 62 anos em Pádua, olhando para a “número 89”, novinha em folha, estacionada. — Compramos as chapas lisas e fazemos todo o serviço aqui. Eu fui soldador naval, então aprendi muito do ofício. Só a caldeira, que exige uma mão de obra mais especializada, nós mandamos para uma empresa de Campo Grande fazer.
As marias-fumaças percorrem a fazenda à velocidade máxima de 30km/h. O cenário é tão inusitado que já serviu de pano de fundo de telenovelas como “Sinhá Moça”, “Cabocla” e “Araguaia”. Márcio Manela é evasivo ao falar sobre o valor de mercado das suas “filhas”.
— É mais ou menos o preço de um carrão de luxo, mas tudo é negociável — diz, sem jeito. — Só queremos ter margem de lucro para comprar a próxima sucata e restaurar. É puro hobby. Uns gostam de cavalo... eu gosto de trem.
E o Papa, poderá dar uma voltinha de trem? Márcio trata de pôr panos frios em qualquer pretensão:
— Nesse dia, não vou poder liberar. A fazenda vai estar lotada. Elas vão ficar guardadas na casinha.
Fonte: O Globo
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