sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A mentira tem pernas curtas!

Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Dizemos que a mentira tem pernas curtas porque sabemos que ela não costuma ir muito longe. Cedo ou tarde, ela cambaleia, tropeça e acaba sendo alcançada pela verdade. Isso acontece por, pelo menos, dois motivos: primeiro, porque quando mentimos fazemos mais esforço do que quando dizemos a verdade, em função do dilema moral envolvido na questão, ainda que inconsciente. Segundo porque, quando precisa ser repetida, a mentira perde força, sendo contaminada por fragmentos da verdade ou por outra mentira, pois sua base não é a realidade, e sim a ficção.
Mentir significa “inventar” uma verdade que não existe, e não “relatar” a verdade como ela é. A mentira começa com a pessoa, a verdade é anterior a ela. Quando mentimos criamos uma realidade que não se baseia em nenhum outro fato, a não ser nossa própria criatividade, o que não é suficiente para sustentar o que foi dito, caso o assunto não se esgote rapidamente. O candidato a emprego que mente sobre sua experiência e qualificações será desmascarado pela inconsistência do currículo ou pela incapacidade de atender às expectativas que criou. E por aí vai. Fatos que demonstram o insustentável peso da mentira podem ser colhidos aos montes na história de vida de quase todas as pessoas – de adolescentes a presidentes da república.
Mas, afinal, por que mentimos, se todos sabemos que existe a chance de sermos desmascarados mais cedo ou mais tarde? Que força é essa que nos impele a não sermos sempre fiéis aos fatos? Há mentiras justificadas ou não? A verdade, doa a quem doer, sempre é a melhor opção?
Por que mentimos?
Essas são questões da ética humana que interessam a várias correntes do pensamento. A psicologia explica a mentira pelo mecanismo de defesa, a sociologia pela busca do poder, a filosofia pela imperfeição humana e a religião pela compulsão ao pecado. As explicações, entretanto, quase nunca justificam a mentira ou desculpam o mentiroso. 
 Na primeira semana do ano de 2011, Agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca) informaram, a mídia que o meio-campo Somália, do Botafogo, mentiu sobre ter sido sequestrado por bandidos, há dois dias, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O jogador será notificado por falsa comunicação de crime, delito que tem pena de detenção entre um e seis meses.
De acordo com a polícia, Somália teria chegado em casa, no dia da apresentação, por volta de 4h. Como sabia que chegaria atrasado à reapresentação do time do Botafogo no Engenhão, o meia teria mentido sobre o sequestro.
Os agentes acabaram com a mentira após análise das imagens das câmeras do circuito interno dos elevadores do prédio onde o jogador mora, na Avenida Lucio Costa, na Barra da Tijuca. Os policiais descobriram que, por volta de 4h, o jogador entrou em um dos elevadores com um cordão de ouro, um relógio e uma mochila, pertences que ele havia declarado como roubados pelos bandidos por volta de 7h. Às 9h07, quando deixou a residência para ir à delegacia, o jogador já não usava mais os acessórios.
Por isso que o dito popular "mentira tem pernas curtas", deve estar sempre em nossa mente juntamente com outro dito popular a "verdade pode demorar mais sempre aparece".
  

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