O piloto policial Adonis Lopes de Oliveira, que participou das
operações nas favelas do Rola, em Santa Cruz, e Coreia, em Senador
Camará, discordou da versão oficial dada sobre o vazamento dos vídeos. O
governo estadual atribuiu a divulgação das imagens a uma disputa de
poder com o piloto Ronaldo Ney Barboza Mendes, que foi afastado do
Serviço Aeropolicial (Saer) da Polícia Civil pelo próprio Adonis, em
julho do ano passado, por ter procedido de forma inadequada.
— Não é disputa de poder. Ele (Ney) queria que eu saísse,
porque excluí ele do serviço. Ele tinha comportamento inadequado.
Brincava e criava um clima de intranquilidade no serviço, colocando as
operações em risco. Ele queria me derrubar. Se tivesse apegado ao cargo,
não teria saído (Adonis pediu afastamento dois dias antes do vazamento
da operação na Coreia).
Segundo policiais civis, o problema
começou em junho do ano passado. Na época, Adonis queria demitir Ney por
abandono de serviço, já que o piloto não tinha ido ao trabalho. Mas o
pedido não foi acatado pela instituição, que deu férias a Ney.
Quando voltou ao serviço, no mês seguinte, outro
desentendimento selou a saída do piloto do Saer. Numa operação na Vila
Vintém, em Padre Miguel, Adonis teria advertido o piloto, pedindo mais
movimentação ao helicóptero, para não virar alvo.
Após a
advertência, Ney começou a cantar e brincar com a tripulação. Como a
ação foi filmada, ele foi desligado do Saer e passou a responder a
sindicância na Corregedoria por ter procedido de forma inadequada. Ney
também é investigado pela 32ª DP (Taquara) por vendas de aulas de voo.
Após sua saída, o piloto disse a colegas que iria enviar à
Corregedoria e à Assembleia Legislativa vídeos na favela do Rola, quando
um morto teve o corpo carregado por policiais da Core para dentro de um
bar, e da ação que resultou na morte do traficante Márcio José Sabino
Pereira, o Matemático, baleado em maio de 2012, na Coreia.
— Ele
falava isso para todo mundo no meio policial. Mas as pessoas achavam que
era um blefe — disse um policial, que não se identificou.
Procurado, o piloto Ney não foi localizado pelo EXTRA para falar do assunto.
Fonte: Jornal Extra
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